Espondiloartrose lombar: aposenta? Qual benefício do INSS recebe?

Espondiloartrose lombar

Você descobriu que tem espondiloartrose lombar, sente dor quase todo dia, está com dificuldade para trabalhar e, naturalmente, surge a pergunta: essa doença aposenta? Tenho direito a algum benefício do INSS?

A resposta é: depende

Ter o diagnóstico por si só não garante benefício. 

O INSS olha principalmente para o quanto a doença limita o seu trabalho, sua rotina e sua possibilidade de reabilitação.

Vamos por partes:

Sumário

O que é espondiloartrose lombar

Espondiloartrose lombar é, em termos simples, um tipo de artrose na coluna, especialmente na região lombar.

É uma doença degenerativa das articulações da coluna, que causa desgaste das estruturas, inflamação, dor e rigidez.

Alguns CIDs que costumam aparecer em laudos relacionados a artrose/degeneração lombar são:

  • M47.8, M47.9: outras espondiloses / espondilose não especificada
  • M51.x: outros transtornos de discos intervertebrais
  • M54.5: dor lombar, entre outros códigos relacionados à região lombar

Cada caso pode ter combinações diferentes de CID, mas o importante é: o laudo precisa deixar claro qual é a doença da coluna e qual a repercussão funcional.

Espondiloartrose lombar não é o mesmo que uma “dor na coluna” genérica.

  • Lombalgia é o sintoma: dor na região lombar.
  • Hérnia de disco é um tipo específico de problema no disco intervertebral.
  • Espondiloartrose é um desgaste articular crônico, com alterações estruturais.

Na prática, muitas pessoas têm laudos com mais de um problema ao mesmo tempo: artrose, protusões discais, hérnia, lombalgia crônica. 

O que importa para o INSS é como esse conjunto afeta a sua capacidade de trabalhar.

Sintomas e impacto da espondiloartrose lombar

Entre os sintomas mais relatados:

  • dor lombar constante ou em crises;
  • rigidez, principalmente ao acordar ou após ficar parado muito tempo;
  • dificuldade para abaixar, levantar, carregar peso, ficar em pé por longos períodos;
  • em alguns casos, dor irradiada para pernas, sensação de fraqueza ou formigamento.

Essa dor pode ser leve em alguns casos e extremamente limitante em outros. 

Por isso é que o INSS não olha apenas o diagnóstico, e sim o quadro funcional.

Geralmente são usados:

  • raio X da coluna lombar, que mostra sinais de artrose, osteófitos (bicos de papagaio), diminuição de espaço entre vértebras;
  • ressonância magnética, que detalha discos, articulações, canal medular e outras estruturas;
  • laudos de ortopedistas ou reumatologistas descrevendo espondiloartrose lombar e limitações.

Ter exame é muito importante, mas o laudo do especialista explicando a relação entre a doença e as limitações para o trabalho é ainda mais decisivo.

Como comprovar espondiloartrose lombar no INSS

Aqui entra a parte prática.

Um bom laudo costuma ter:

  • diagnóstico claro, com CID;
  • descrição da espondiloartrose lombar e de outras alterações da coluna;
  • tempo de evolução da doença;
  • tratamentos realizados e em andamento;
  • limitações concretas para o trabalho, de forma objetiva.

Exames de imagem (raio X, ressonância, tomografia) reforçam o quadro.

Na perícia do INSS, não adianta só dizer “sinto dor”. É importante explicar:

  • qual é sua função;
  • quanto tempo fica em pé, sentado, carregando peso, agachando;
  • o que não consegue mais fazer como antes;
  • se precisa parar muitas vezes, tomar medicação forte, faltar ao trabalho.

Quanto mais concreto for o relato, maior a chance de o perito entender o impacto real da espondiloartrose no seu trabalho.

Espondiloartrose lombar dá direito a benefício do INSS?

Esse ponto é chave: o INSS não concede benefício porque a pessoa tem espondiloartrose, e sim quando a doença gera incapacidade para trabalhar.

Do ponto de vista previdenciário, o que interessa é:

  • você consegue continuar na mesma profissão?
  • consegue, mas com grande dificuldade, dor intensa e prejuízo real da produtividade?
  • não consegue mais nenhuma atividade que garanta sua subsistência?

Quanto mais pesada e exigente for a sua atividade física, maior a chance da espondiloartrose lombar impactar o trabalho. 

Um ajudante de pedreiro, por exemplo, costuma ser mais afetado que um trabalhador em atividade muito leve e adaptada.

Para benefícios do INSS, em regra, precisam ser analisados:

  • qualidade de segurado (estar contribuindo ou dentro do período de graça);
  • carência, em muitos casos 12 contribuições mensais (com exceções);
  • incapacidade total ou parcial, temporária ou permanente, comprovada em perícia médica.

Portanto, duas pessoas com o mesmo CID podem ter resultados diferentes: uma consegue seguir trabalhando, outra não.

Auxílio-doença por espondiloartrose lombar

Aqui estamos falando do benefício por incapacidade temporária.

Você pode ter direito ao auxílio-doença quando:

  • a dor e a limitação são tão intensas que, por um período, você não consegue trabalhar na sua função;
  • precisa de tratamento, medicação forte, fisioterapia, possivelmente cirurgia;
  • o médico assistente recomenda afastamento.

O perito do INSS avalia se a incapacidade é temporária e se há expectativa de melhora com o tratamento.

Para esse tipo de benefício, ajudam muito:

  • laudo recente do ortopedista ou reumatologista;
  • exames de imagem (raio X, ressonância);
  • descrição clara das atividades que você exerce no trabalho e do que não consegue mais fazer.

Auxílio-acidente por espondiloartrose lombar

O auxílio-acidente é um benefício indenizatório, pago quando há sequela permanente que reduz a capacidade para o trabalho, mas você continua trabalhando.

Alguns cenários em que a espondiloartrose lombar pode ser usada para discutir auxílio-acidente:

  • quando há agravamento ou desencadeamento da doença após acidente de trabalho ou esforço intenso no trabalho;
  • quando, mesmo após tratamento, você volta a trabalhar, mas com limitação definitiva e necessidade de maior esforço.

Nesses casos, a discussão costuma ser mais técnica: é preciso demonstrar que a espondiloartrose (ou seu agravamento) está ligada ao trabalho ou a um acidente, e que reduziu de forma permanente a capacidade para a atividade habitual.

Aposentadoria por incapacidade permanente por espondiloartrose lombar

A aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez) é mais difícil de conseguir. 

Em geral, exige:

  • incapacidade total e permanente para o trabalho;
  • impossibilidade de reabilitação para outra função compatível;
  • quadro estabilizado, sem perspectiva de melhora significativa.

Espondiloartrose lombar pode levar a esse tipo de aposentadoria em casos mais graves, por exemplo:

  • trabalhador braçal, com dor intensa, limitação importante de movimentos, risco ao tentar continuar na atividade;
  • idade avançada, baixa escolaridade e ausência de possibilidade real de requalificação.

O INSS costuma negar muitos pedidos desse tipo, e vários casos acabam sendo discutidos na Justiça, onde a análise é mais aprofundada e leva em conta o conjunto: doença, idade, tipo de trabalho, escolaridade.

Espondiloartrose lombar e aposentadoria da pessoa com deficiência

Para a aposentadoria da pessoa com deficiência, o foco não é só incapacidade para o trabalho, e sim se existe deficiência nos termos da lei: impedimento de longo prazo que, em interação com barreiras, pode limitar a participação plena na sociedade.

A espondiloartrose lombar pode, em alguns casos, ser considerada deficiência, especialmente quando:

  • provoca limitação importante e duradoura de mobilidade;
  • exige uso de bengala, órteses ou adaptações;
  • dificulta atividades básicas do dia a dia.

Nessa modalidade, o tempo de contribuição e a idade exigidos são reduzidos para quem comprova ter trabalhado por determinado período na condição de pessoa com deficiência.

Esse é um ponto que merece avaliação individual, com análise do histórico de trabalho e da gravidade das limitações.

Nunca contribui e tenho espondiloartrose lombar: posso receber algum benefício?

Sim, mas aqui já não estamos falando de aposentadoria, e sim de benefício assistencial, o BPC/LOAS.

O BPC/LOAS não exige contribuição ao INSS. Ele é um benefício assistencial, pago a:

  • pessoa idosa (65 anos ou mais), ou
  • pessoa com deficiência, de qualquer idade,

que comprove baixa renda familiar e impedimento de longo prazo para participação plena e efetiva na sociedade.

A espondiloartrose lombar pode ser enquadrada como deficiência para fins de BPC quando:

  • causa limitações significativas e duradouras;
  • afeta a autonomia, a mobilidade, o autocuidado e a capacidade de trabalho;
  • é confirmada em avaliação médica e social.

Além disso, é preciso cumprir o critério de renda familiar por pessoa dentro do limite legal (que vem sendo interpretado com alguma flexibilidade pela Justiça).

Ou seja: quem nunca contribuiu não terá direito a aposentadoria por invalidez, mas pode, em tese, ter direito ao BPC/LOAS se preencher os requisitos de deficiência e renda.

Conclusão

A espondiloartrose lombar, sozinha, não garante aposentadoria nem qualquer benefício do INSS.

O que define o direito é o grau de limitação que a doença causa na sua vida e no seu trabalho, aliado aos requisitos de contribuição ou, no caso do BPC, aos requisitos assistenciais.

Em resumo:

  • espondiloartrose lombar pode dar direito a auxílio-doença, quando a incapacidade é temporária;
  • pode permitir discutir auxílio-acidente, em situações de sequela permanente e redução da capacidade, especialmente em contexto de acidente ou agravamento ocupacional;
  • pode levar à aposentadoria por incapacidade permanente, em quadros mais graves e irreversíveis;
  • pode fundamentar aposentadoria da pessoa com deficiência ou BPC/LOAS, dependendo da gravidade das limitações e da renda familiar.

Cada caso é único. 

A mesma doença pode ser compatível com o trabalho em um segurado e totalmente incapacitante em outro, dependendo da profissão, da idade, da escolaridade e da história de vida.

Se você tem espondiloartrose lombar, está com dificuldade para trabalhar e quer saber se tem direito a algum benefício, o ideal é uma análise individualizada.

O escritório Robson Gonçalves Advogados atua diariamente com casos de doenças da coluna, benefícios por incapacidade, aposentadorias e BPC/LOAS. Nossa equipe pode:

  • avaliar seus laudos e exames;
  • analisar seu histórico de contribuições;
  • orientar sobre qual benefício é mais adequado ao seu caso;
  • acompanhar você em todas as etapas, do pedido administrativo até a Justiça, se for necessário.

Se precisar de ajuda para entender se a sua espondiloartrose lombar aposenta, dá direito a auxílio ou a BPC, entre em contato com o Robson Gonçalves Advogados para uma análise detalhada da sua situação.

Compartilhe o conteúdo:

WhatsApp

Leia Também