Bursite aposenta? Quais benefícios do INSS recebe? Valor e como pedir

Bursite aposenta? Quais benefícios do INSS recebe? Valor e como pedir

Se você tem bursite e vive com dor para levantar o braço, ajoelhar, apoiar o cotovelo ou trabalhar em pé o dia todo, é natural se perguntar: bursite aposenta? Dá direito a benefício do INSS? Quanto eu receberia e como pedir?

Neste artigo, vamos passar por tudo isso.

Você vai entender quando a bursite gera direito a auxílio, quando pode levar à aposentadoria, quais CIDs normalmente aparecem nos laudos, como funciona quando a doença é causada pelo trabalho e, principalmente, o que fazer para não ter o pedido negado.

Sumário

O que é bursite e por que causa tanta dor

A bursite é uma inflamação da bursa, que é uma pequena bolsa cheia de líquido que fica perto das articulações, ajudando a amortecer o atrito entre ossos, músculos e tendões.

Quando essa bursa inflama, a região fica dolorida, inchada e com muita limitação para o movimento. 

Em ombros, joelhos, quadris, cotovelos, mãos e pés isso pode impedir até atividades simples, como vestir uma roupa, levantar um balde ou subir escadas.

Na prática, muitos laudos misturam termos como bursite, tendinite, tendinopatia, sinovite e LER/DORT.

De forma simples:

  • bursite é inflamação da bursa;
  • tendinite é inflamação do tendão;
  • LER/DORT é um grupo de doenças ligadas a esforço repetitivo e sobrecarga no trabalho, que inclui essas duas e outras lesões.

Para o INSS, o mais importante é se essas doenças causam incapacidade para o trabalho, e se há relação com a atividade exercida.

Bursite aguda, crônica e por esforço repetitivo

A bursite pode aparecer de forma aguda, por exemplo após um trauma, ou se tornar crônica, quando a dor e a inflamação se arrastam por meses ou anos, mesmo com tratamento.

Muitas vezes ela está ligada a movimentos repetitivos, posturas forçadas, trabalho pesado com os braços erguidos ou muito tempo ajoelhado. 

É justamente nesses casos que pode ser reconhecida como doença do trabalho, o que abre a porta para benefício acidentário, se houver nexo com a atividade. 

Quando a bursite pode ser considerada doença do trabalho

O Ministério da Saúde mantém listas de doenças relacionadas ao trabalho e, entre elas, estão os transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, uso excessivo e pressão (CID M70), que incluem várias bursites, e também bursite do ombro em listas ligadas a lesões de ombro. 

Quando o médico do trabalho, o perito ou o juiz reconhecem que a bursite foi causada ou agravada pelo trabalho, o benefício pode ser concedido na forma acidentária, com algumas vantagens, como:

  • dispensa de carência em muitos casos;
  • estabilidade de 12 meses no emprego após o fim do auxílio-doença acidentário;
  • possibilidade de responsabilização do empregador em certas situações.

Bursite aposenta? Quando a dor vira incapacidade para o INSS

Ter bursite não significa, por si só, direito a aposentadoria ou a benefício.

A lei fala em incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual para concessão do auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença).

E em incapacidade total e permanente, sem possibilidade de reabilitação, para a aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez). 

Ou seja, o foco não é apenas o diagnóstico de bursite, e sim se você consegue ou não trabalhar.

Nos casos mais leves, a bursite costuma gerar afastamentos curtos, com atestados médicos para repouso, fisioterapia e medicação.

Se o afastamento for de até 15 dias, quem paga o salário é o empregador. 

A partir do 16º dia, se ainda houver incapacidade, entra a possibilidade de auxílio por incapacidade temporária pelo INSS.

Quando a bursite pode levar à aposentadoria por invalidez

A bursite, sozinha, raramente leva direto à aposentadoria.

Mas ela pode gerar aposentadoria por incapacidade permanente quando:

  • é crônica e resistente ao tratamento;
  • causa limitação importante de movimento;
  • se soma a outras doenças ortopédicas ou sistêmicas;
  • a pessoa possui baixa escolaridade, faz trabalho braçal pesado e não consegue ser reabilitada para outra função compatível.

Nesses casos, a perícia pode entender que a incapacidade é definitiva.

CID da bursite no INSS

Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), os códigos mais usados para bursite são, entre outros: 

  • M70.1 – Bursite da mão
  • M70.2 – Bursite do olécrano (cotovelo)
  • M70.3 – Outras bursites do cotovelo
  • M70.4 – Bursite pré-patelar (na frente do joelho)
  • M70.5 – Outras bursites do joelho
  • M70.6 – Bursite trocantérica (quadril)
  • M70.7 – Outras bursites do quadril
  • M70.8 – Outros transtornos dos tecidos moles relacionados com o uso, uso excessivo e pressão
  • M70.9 – Transtornos não especificados dos tecidos moles relacionados com o uso, uso excessivo e pressão

Além disso, a bursite do ombro costuma aparecer como M75.5, dentro do grupo de lesões de ombro. 

Esses códigos devem constar em atestados e laudos, de preferência acompanhados do local afetado e da descrição da limitação funcional.

Tipos de bursite por região do corpo e profissões mais afetadas

Aqui vale trazer exemplos práticos, pois o perito analisa não só o exame, mas a realidade do trabalho.

Bursite no ombro

Muito comum em: pedreiros, pintores, faxineiras, cuidadores, trabalhadores de linha de produção e profissionais que trabalham com braços elevados.

Pode aparecer como bursite subacromial, subdeltoidea ou bursite do ombro (M75.5). A dor costuma piorar ao levantar o braço ou carregar peso.

Bursite no cotovelo

A bursite do olécrano aparece em quem apoia muito o cotovelo em superfícies duras, como digitadores, operadores de caixa, profissionais de escritório e algumas funções industriais.

A região fica inchada e sensível ao toque.

Bursite no joelho

A bursite pré-patelar e outras bursites do joelho são frequentes em azulejistas, instaladores, montadores e trabalhadores que passam muito tempo ajoelhados ou em pisos duros.

É a famosa “joelho de pedreiro”.

Bursite no quadril

A bursite trocantérica é comum em quem fica muito tempo em pé, sobe muitas escadas ou anda longas distâncias ao longo do dia, como trabalhadores de comércio e serviços.

A dor costuma ser lateral, piora ao deitar sobre o lado afetado.

Bursite no pé e tornozelo

Trabalhadores do comércio, cozinha, serviços gerais e cuidadores, que passam horas em pé, podem desenvolver bursites em pés e tornozelos, ligadas ao impacto repetitivo e calçados inadequados.

Bursite na mão e no punho

Caixas de supermercado, costureiras, bordadeiras, montadores e digitadores podem desenvolver bursite da mão (M70.1) e outras lesões do grupo M70, associadas a movimentos finos repetitivos.

Bursites múltiplas e associação com tendinite

Não é raro o segurado ter bursite no ombro e, ao mesmo tempo, tendinite do manguito rotador, síndrome do túnel do carpo ou artrose.

Na perícia, o conjunto dessas doenças muitas vezes pesa mais do que um diagnóstico isolado.

Quem tem direito a benefício do INSS por bursite

Em regra, para benefícios por incapacidade, a Lei 8.213/91 exige: 

  • qualidade de segurado (estar contribuindo ou dentro do período de graça);
  • carência de 12 contribuições para auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por incapacidade permanente, salvo exceções;
  • comprovar incapacidade para o trabalho ou atividade habitual.

Não é exigida carência quando a incapacidade decorre de:

  • acidente de qualquer natureza;
  • doença profissional ou do trabalho;
  • doenças graves listadas em normas específicas.

Ou seja, se a bursite for reconhecida como doença do trabalho, o benefício por incapacidade pode ser concedido mesmo sem as 12 contribuições.

Quando a bursite não tem relação com o trabalho, o benefício é previdenciário comum.

Quando há nexo com a atividade (exemplo, bursite de joelho em azulejista, bursite de ombro em trabalhador com movimentos acima da cabeça), o benefício pode ser acidentário, o que impacta o código do benefício e os direitos trabalhistas do segurado.

Veja os benefícios do INSS para quem tem bursite:

Auxílio por incapacidade temporária por bursite

O auxílio por incapacidade temporária é devido ao segurado que, tendo cumprido a carência (quando exigida), fica incapaz para o seu trabalho ou atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. 

Na bursite, ele é indicado quando a dor e a limitação impedem o trabalho por um período, mas existe expectativa de melhora.

O valor, em regra, é calculado sobre a média dos salários de contribuição, com aplicação das regras vigentes após a reforma, e normalmente fica abaixo do último salário.

Se a bursite for reconhecida como doença do trabalho ou resultado de acidente, o benefício será da espécie acidentária, com dispensa de carência e direito à estabilidade de 12 meses após o retorno ao trabalho. 

Auxílio-acidente por sequelas de bursite

O auxílio-acidente é um benefício indenizatório pago quando, depois da consolidação das lesões, ficam sequelas que reduzem de forma permanente a capacidade para o trabalho habitual. 

Na prática, pode ser devido em casos de bursite em que:

  • a pessoa voltou a trabalhar, mas com limitação permanente;
  • houve redução da força, da amplitude de movimento ou da resistência;
  • o conjunto das lesões (bursite, tendinite, artrose) reduziu a capacidade.

Se a bursite tiver relação com o trabalho, o auxílio-acidente será acidentário, o que influencia também os índices de acidente da empresa.

O valor, em regra, é um percentual da média salarial (em muitos casos, 50%), pago até uma futura aposentadoria.

Aposentadoria por incapacidade permanente por bursite

A aposentadoria por incapacidade permanente é devida ao segurado que, após perícia, é considerado incapaz de forma total e permanente para qualquer atividade que lhe garanta subsistência, sem possibilidade de reabilitação. 

No contexto da bursite, isso costuma ocorrer quando:

  • a pessoa tem bursites graves em regiões essenciais para o trabalho;
  • há associação com outras doenças que tornam impossível a reabilitação;
  • a escolaridade é baixa e o histórico profissional é todo em funções braçais.

Se a incapacidade decorre de doença do trabalho, a aposentadoria será acidentária, com reflexos no cálculo e no reconhecimento de direitos trabalhistas.

O valor segue as regras gerais da aposentadoria por incapacidade permanente após a reforma, levando em conta o tempo de contribuição e a média salarial.

Aposentadoria da pessoa com deficiência em casos de bursite

Em alguns casos, a sequela de bursite, somada a outras limitações, pode caracterizar deficiência de longo prazo, permitindo o enquadramento na aposentadoria da pessoa com deficiência, regulada pela Lei Complementar 142/2013. 

Nessa modalidade, existem duas formas:

  • aposentadoria por tempo de contribuição, com tempo reduzido conforme o grau de deficiência (leve, moderada ou grave);
  • aposentadoria por idade, com 60 anos para homens e 55 para mulheres, com 15 anos de contribuição na condição de pessoa com deficiência.

É diferente da aposentadoria por incapacidade permanente, porque a pessoa com deficiência pode continuar trabalhando.

BPC/LOAS em casos de bursite grave

Quando a pessoa com bursite grave não tem mais qualidade de segurado, nunca contribuiu ou contribuiu pouco, pode existir direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS).

O BPC garante um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência ou ao idoso que comprove não ter meios de prover a própria manutenção, conforme o artigo 20 da Lei 8.742/93. 

No contexto da bursite, é preciso demonstrar que a doença, isolada ou somada a outras, gera impedimento de longo prazo e que a família vive em situação de baixa renda.

Como pedir benefício do INSS por bursite

O passo a passo é feito todo pela internet, através do portal do MeuINSS: 

  1. Acesse o Meu INSS (site ou aplicativo).
  2. Selecione “Pedir benefício por incapacidade”.
  3. Escolha auxílio por incapacidade temporária ou aposentadoria por incapacidade permanente, conforme orientação médica.
  4. Anexe atestados, laudos, exames, relatórios do médico e documentos do trabalho.
  5. Aguarde a marcação da perícia presencial ou remota.

Documentos para conseguir aposentar por bursite

Costumam pesar bastante:

  • ultrassonografia da articulação;
  • ressonância magnética;
  • exame físico ortopédico bem descrito, com testes específicos de ombro, joelho, quadril, etc.

É fundamental ter laudo do ortopedista ou reumatologista com:

  • diagnóstico com CID;
  • descrição da dor e da limitação de movimento;
  • tempo de tratamento, falhas terapêuticas, uso de medicação, fisioterapia;
  • previsão de melhora ou de cronificação.

Em bursite ocupacional, ou seja, por doença do trabalho, ajudam muito:

  • carteira de trabalho e holerites, mostrando a função;
  • PPP e LTCAT, em empresas que precisam emitir;
  • CAT quando a empresa reconhece a doença como ocupacional.

Na perícia, explique de forma simples:

  • o que você fazia antes no trabalho;
  • quais movimentos passaram a causar dor;
  • o que não consegue mais fazer hoje, mesmo em casa.

Evite exageros, mas não minimize a dor. Explique suas atividades e dificuldades de forma clara, sem decorar discurso.

Se o pedido for negado, existem dois caminhos principais:

  • recurso administrativo ao próprio INSS;
  • ação judicial para discutir a incapacidade e, se for o caso, a natureza acidentária do benefício.

Um advogado previdenciário especializado em doenças ortopédicas e ocupacionais costuma fazer diferença nesse momento.

Toda bursite dá direito a benefício do INSS?

Não.

O que gera direito é a incapacidade para o trabalho, não o simples diagnóstico. 

Bursites leves ou bem controladas, que permitem continuar trabalhando, geralmente não justificam benefício.

Quantos dias de afastamento o INSS costuma conceder por bursite?

Não existe um padrão fixo.

Em casos mais simples, o afastamento pode ser de alguns meses. 

Em situações crônicas e graves, a incapacidade pode ser de longa duração, com sucessivas prorrogações ou até aposentadoria, se ficar comprovada incapacidade permanente.

Tenho bursite nos dois ombros. Posso conseguir aposentadoria?

Depende do conjunto de fatores:

  • intensidade da dor e limitação;
  • resultado dos exames;
  • idade, escolaridade e histórico profissional;
  • possibilidade de reabilitação para outra função.

Bursite bilateral em trabalhador braçal, com pouca escolaridade e longa história de adoecimento, tem mais chance de aposentadoria por incapacidade permanente.

Trato bursite há anos e o INSS sempre nega. O que pode estar faltando?

Em muitos casos, faltam provas bem organizadas:

  • laudo detalhado do médico assistente;
  • exames recentes;
  • descrição clara da função na empresa;
  • documentos que apontem relação com o trabalho, se for o caso.

Também pode faltar enquadramento jurídico correto, por isso é comum que um advogado, ao revisar o caso, encontre falhas que podem ser corrigidas.

Posso ser demitido com bursite em tratamento ou recebendo benefício?

Quem recebe auxílio-doença acidentário (espécie B91) tem estabilidade de 12 meses após o retorno ao trabalho, segundo o artigo 118 da Lei 8.213/91

Já quem recebe benefício comum não tem essa garantia, salvo outras proteções previstas em acordos coletivos ou decisões judiciais.

Bursite e tendinite juntas aumentam a chance de conseguir benefício?

Em regra, sim, porque o perito avalia o quadro global.

Quando há bursite, tendinite, artrose e outras lesões no mesmo segmento, fica mais fácil demonstrar que a capacidade para o trabalho está realmente comprometida.

Quando procurar um advogado previdenciário em casos de bursite

Você deve considerar procurar um advogado especializado em Direito Previdenciário quando:

  • o INSS já negou seu pedido e você continua incapaz;
  • há discussão se a bursite é ou não doença do trabalho;
  • há dúvida entre pedir auxílio por incapacidade temporária, aposentadoria por incapacidade permanente, aposentadoria da pessoa com deficiência ou BPC;
  • você não sabe como organizar laudos, exames e documentos do trabalho.

Um advogado previdenciário pode:

  • analisar seu caso com base na Lei 8.213/91, na LC 142/2013 e na LOAS;
  • orientar se a melhor estratégia é buscar benefício comum ou acidentário;
  • auxiliar na preparação do pedido administrativo, na elaboração de recursos e, se necessário, na ação judicial;
  • trabalhar junto com médicos e peritos para reforçar a prova da incapacidade.

O escritório Robson Gonçalves Advogados atua diariamente com benefícios por incapacidade, doenças ocupacionais e casos de bursite, tendinite, LER/DORT e outras lesões ortopédicas.

Na prática, o trabalho envolve:

  • análise detalhada da sua história de trabalho e de adoecimento;
  • conferência dos CIDs, laudos, exames e documentos do INSS;
  • definição da melhor tese, seja benefício comum, acidentário, aposentadoria por incapacidade permanente, aposentadoria da pessoa com deficiência ou BPC;
  • acompanhamento do pedido no Meu INSS, recursos e, quando necessário, ação judicial.

Se você precisa de ajuda com benefícios do INSS por bursite, entre em contato com o Robson Gonçalves Advogados para uma análise individual do seu caso.

Nossa equipe pode acompanhar você em todas as etapas, do pedido administrativo até a Justiça, se for necessário, para que a sua dor e a sua limitação sejam reconhecidas com seriedade e você tenha acesso ao benefício mais adequado.

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