GPS em atraso, qualquer um pode pagar? Como funciona?

GPS em atraso, qualquer um pode pagar? Como funciona?

Você sabia que milhares de brasileiros pagam contribuições atrasadas para o INSS e descobrem, só depois, que aquele dinheiro não serviu para nada? 

É mais comum do que parece. 

O que muitos segurados não sabem é que nem todo mundo pode pagar a GPS em atraso, e em vários casos o INSS simplesmente não reconhece o período, mesmo com o pagamento feito.

Neste artigo, vamos mostrar de forma simples e direta quem realmente pode pagar atrasados, como funciona o processo, quais os riscos e quando vale a pena

Vamos lá?

Sumário

O que é GPS?

A GPS, sigla para Guia da Previdência Social, é o documento usado para recolher a contribuição ao INSS quando o pagamento não é feito por um empregador.

Antigamente, esse pagamento era feito no famoso carnê laranja, muito usado por autônomos e donas de casa. 

Hoje, a guia pode ser emitida de forma digital, diretamente pelo sistema da Receita Federal, que é o sistema de acréscimos legais (SAL).

Mas afinal, quem pode pagar GPS?

  • Autônomos e profissionais liberais, como pedreiros, cabeleireiras, motoristas de aplicativo ou manicures, que trabalham por conta própria.
  • Facultativos, como donas de casa, estudantes e desempregados, que decidem contribuir mesmo sem renda, para garantir proteção do INSS.
  • Segurados especiais, em alguns casos, como agricultores familiares ou pescadores artesanais.

Já quem tem carteira assinada ou é servidor público, por exemplo, não precisa se preocupar com a GPS

Nessas situações, a contribuição é responsabilidade do empregador ou do próprio regime de previdência pública.

Em resumo: a GPS é a ferramenta que garante o elo entre o trabalhador sem registro e a Previdência Social. 

Sem ela, o período de trabalho ou de vida sem renda não entra na conta da aposentadoria e pode comprometer o acesso a benefícios como aposentadoria, auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte.

Quem pode pagar GPS atrasado?

Nem todo mundo pode simplesmente emitir uma guia antiga e recolher os atrasados.

O INSS tem regras específicas sobre quem pode regularizar contribuições que ficaram em aberto.

De forma prática, podem pagar GPS atrasada os seguintes segurados:

  1. Contribuinte individual (autônomo):
  • É o trabalhador que exerce uma atividade por conta própria e recebe por isso.
  • Exemplos: pedreiro, cabeleireira, manicure, motorista de aplicativo, eletricista.
  • O autônomo pode pagar contribuições em atraso de qualquer período.
  • Mas atenção: se o atraso for maior que 5 anos, o INSS exige comprovação de que a pessoa realmente trabalhou naquela época (notas fiscais, recibos, declaração de Imposto de Renda, etc.).
  1. Contribuinte facultativo
  • É quem paga de forma voluntária, mesmo sem ter renda.
  • Exemplos: dona de casa, estudante, desempregado.
  • O facultativo só pode pagar contribuições atrasadas até 6 meses.
  • Se deixar passar esse prazo, não poderá voltar e pagar retroativamente.
  • Além disso, não é possível começar já pagando atrasado. 
  • Primeiro é preciso ter feito pelo menos um recolhimento em dia.

Quem não pode pagar GPS atrasado

Essa é uma das maiores dúvidas dos segurados. 

A verdade é que nem todo mundo tem o direito de recolher atrasados

Em alguns casos, o pagamento simplesmente não é aceito pelo INSS e o segurado perde o dinheiro.

Veja os principais exemplos:

  1. Contribuinte facultativo que nunca pagou antes
  • Se você nunca contribuiu como facultativo, não pode começar recolhendo períodos antigos.
  • Exemplo: uma dona de casa que decide “comprar” 3 anos de contribuição de uma vez. O INSS não reconhece esse pagamento.
  • A regra é clara: o facultativo só pode pagar a partir da primeira contribuição em dia.
  1. Facultativo com atraso maior que 6 meses
  • Mesmo quem já contribuiu antes, se ficar mais de 6 meses sem pagar, não pode voltar atrás para regularizar.
  • Nesse caso, o pagamento não será considerado válido.
  1. Empregado, doméstico e trabalhador com carteira assinada
  • Quem trabalha registrado não deve pagar por conta própria.
  • A obrigação de recolher ao INSS é do patrão, não do empregado.
  • Se houver período sem recolhimento, é possível comprovar o vínculo e cobrar na Justiça, mas não adianta pagar a guia sozinho.
  1. Tentativas de “comprar tempo de contribuição”
  • Não existe a possibilidade de simplesmente escolher um período do passado e pagar sem comprovação de atividade (no caso do autônomo) ou sem ter começado a contribuir antes (no caso do facultativo).
  • Isso é um dos erros mais comuns e o que mais gera prejuízo

Em resumo: pagar GPS atrasada não é para todo mundo

O INSS só aceita em situações específicas. 

Antes de recolher, é essencial entender em qual categoria você se encaixa para não jogar dinheiro fora.

Atenção: antes de sair pagando INSS de qualquer jeito, procure orientação de um advogado previdenciário. 

Em muitos casos, o INSS exige comprovação da atividade para validar os atrasados. 

Se isso não for feito corretamente, você pode acabar pagando e perdendo dinheiro, sem que o período seja reconhecido.

Como contribuir INSS em atraso (passo a passo)

Depois de descobrir no CNIS que tem meses sem contribuição, o próximo passo é regularizar. 

Para isso, existe um sistema da Receita Federal chamado SAL (Sistema de Acréscimos Legais), que calcula automaticamente os valores em atraso com juros e multa.

Veja o passo a passo:

  1. Entre no endereço: https://sal.rfb.gov.br/home.
  2. Você verá duas opções e selecione a que corresponde à sua situação:
  • Contribuintes filiados antes de 29/11/1999
  • Contribuintes filiados a partir de 29/11/1999
  1. Selecione a categoria em que você se enquadra: autônomo, doméstico, facultativo ou segurado especial.
  2. Digite seu NIT/PIS/PASEP (número que identifica o segurado no INSS).
  3. No campo “competência”, informe o mês e ano que deseja regularizar.
  4. Informe também o salário de contribuição (valor sobre o qual vai pagar o INSS).
  5. O sistema calcula automaticamente juros e multa e gera a GPS em atraso.
  6. Basta imprimir ou salvar o documento para pagamento.

Aviso importante: esse sistema gera a guia, mas não garante que o INSS vá reconhecer o tempo

Em alguns casos, será preciso apresentar documentos que provem a atividade no período em atraso.

Os riscos de pagar INSS atrasado

Muita gente acredita que basta emitir a GPS atrasada e pagar para resolver o problema. 

Mas na prática, nem sempre o INSS aceita esse recolhimento

E é nesse ponto que muitos segurados perdem dinheiro.

Veja os principais riscos:

  1. INSS não reconhecer o período
  • Se você não comprovar que realmente trabalhou na época em que está pagando (no caso do autônomo, por exemplo), o INSS pode desconsiderar as contribuições
  • Ou seja: você paga, mas o tempo não entra na conta da aposentadoria.
  1. Multas e juros que encarecem o pagamento
  • O sistema do SAL acrescenta automaticamente multas e juros ao valor. Dependendo do atraso, o custo pode ser tão alto que não compensa.
  1. Problemas com a Receita Federal
  • Ao informar um valor de contribuição, o sistema cruza os dados com sua renda declarada. 
  • Se houver incompatibilidade, você pode ser chamado pela Receita para explicar. Isso gera dor de cabeça e até cobrança de impostos atrasados.
  1. Pagar sem precisar
  • Em alguns casos, o tempo já pode ser reconhecido de outra forma, como vínculo empregatício sem carteira assinada ou tempo rural anterior a 1991. 
  1. Pagar caro e não mudar nada na aposentadoria
  • Outro risco muito comum é gastar um bom dinheiro pagando atrasados e descobrir que isso não aumentou em nada o valor da aposentadoria.

Documentos para comprovar o trabalho

Quando o recolhimento é em atraso, principalmente para autônomos com mais de 5 anos de débito, o INSS pode pedir documentos que provem que a pessoa realmente trabalhou naquele período.

Os mais comuns são:

  1. Recibos de prestação de serviços (notas, comprovantes de pagamento, contratos simples).
  2. Declaração de Imposto de Renda mostrando a renda da atividade.
  3. Inscrição como autônomo na prefeitura ou no órgão de classe.
  4. Extratos bancários que demonstrem a movimentação da atividade.

Sem essa comprovação, o pagamento em atraso pode não ser aceito. 

Ou seja, você paga a guia e o período não entra na sua aposentadoria.

Vale a pena pagar GPS atrasado antes de pedir a aposentadoria?

Pode valer, se faltar pouco tempo de contribuição ou de carência. 

Mas em muitos casos, o custo é alto e não compensa. 

O ideal é sempre analisar com calma antes de recolher.

Pagar atrasado aumenta o valor da aposentadoria?

Nem sempre. 

Se a maioria das suas contribuições foi sobre o salário mínimo, pagar atrasados não vai mudar o valor final. 

O que pode mudar é o tempo de contribuição, ajudando a alcançar a aposentadoria mais cedo.

Se eu nunca paguei INSS, posso começar pagando atrasado?

Via de regra, não. 

Se você nunca contribuiu, não pode “comprar tempo” para trás. 

Primeiro é preciso fazer a primeira contribuição em dia e, só a partir daí, é possível pagar atrasos (respeitando as regras).

Vale a pena pagar GPS atrasado?

Depois de entender quem pode pagar, quem não pode, como funciona e quais são os riscos, surge a pergunta principal: afinal, vale a pena pagar GPS atrasado?

A verdade é que não existe uma resposta única

Para algumas pessoas, o recolhimento em atraso pode ser a chave para garantir a aposentadoria ou outro benefício do INSS. 

Para outras, pode ser apenas um gasto alto, sem nenhum impacto real.

O que define se vale a pena ou não são fatores como:

  1. O tempo que ainda falta para a aposentadoria.
  2. O histórico de contribuições já feitas.
  3. A categoria em que o segurado se encaixa (autônomo, facultativo, rural).
  4. A possibilidade de comprovar a atividade em atraso.
  5. O custo total dos atrasados em comparação com o benefício que será obtido.

Antes de sair pagando contribuições em atraso, procure a ajuda de um advogado previdenciário. 

Ele pode calcular, avaliar documentos e mostrar se realmente vale a pena recolher, evitando que você gaste dinheiro sem necessidade.

Até o próximo artigo!

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