O que é RPV do INSS? Como funciona a Requisição de Pequeno Valor

O que é RPV do INSS? Como funciona a Requisição de Pequeno Valor

Você venceu o INSS na Justiça e foi informado de que vai receber por RPV (Requisição de Pequeno Valor). Mas, afinal, o que isso significa na prática?

É a mesma coisa que precatório? Quanto tempo leva para cair na conta? Precisa de advogado? Pode demorar anos?

Calma. 

Se você tem uma ação judicial contra o INSS e o valor a ser pago está dentro de um certo limite, provavelmente o pagamento será feito via RPV, e isso é uma boa notícia.

Ao contrário do precatório, que envolve valores maiores e um cronograma de pagamento que pode se arrastar por anos, a RPV é um procedimento mais rápido e simplificado, voltado para valores até 60 salários mínimos.

Neste artigo, você vai entender:

  • O que é a RPV e como ela funciona;
  • A diferença entre RPV e precatório;
  • Quem tem direito, como consultar, e o que fazer para garantir o recebimento;

Vamos juntos ficar por dentro sobre como funciona a RPV?

Sumário

O que é RPV no INSS?

A RPV, ou Requisição de Pequeno Valor, é a forma de pagamento usada pela Justiça para quitar valores devidos pelo INSS após o segurado vencer uma ação judicial, desde que o valor da condenação não ultrapasse 60 salários mínimos.

Com o salário mínimo de 2025 fixado em R$ 1.518,00, o teto da RPV é de R$ 91.080,00.

Funciona assim: quando o processo termina, o juiz emite a ordem de pagamento e, se o valor estiver dentro do teto legal, o depósito será feito via RPV.

 É uma maneira de evitar o precatório, que é mais demorado, e garantir que o cidadão receba o valor com maior agilidade.

O dinheiro da RPV é depositado em uma conta judicial aberta em nome do segurado, geralmente no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica Federal, e o prazo para liberação costuma ser de até 60 dias úteis após a emissão da requisição pelo juiz.

Em resumo: a RPV é um instrumento de pagamento rápido para causas ganhas contra o INSS, quando o valor está dentro do limite legal.

Diferença entre RPV e Precatório

Embora ambos sejam formas de pagamento de valores devidos após decisões judiciais, RPV e precatório seguem regras diferentes, veja:

CaracterísticaRPV (Requisição de Pequeno Valor)Precatório
Valor LimiteAté 60 salários mínimosAcima de 60 salários mínimos
Prazo de PagamentoAté 60 dias úteisConforme Calendário do Governo (pode demorar anos)
Previsão OrçamentáriaNão  precisa entrar na Lei OrçamentáriaDepende de Previsão Orçamentária (LOA)
FinalidadePagamento rápido de causas de menor valorPagamento de valores altos, com maior formalidade

Portanto, quem recebe via RPV tem a vantagem do prazo curto, mas está limitado ao valor máximo de 60 salários mínimos.

Se o valor ultrapassar esse limite, o pagamento ocorrerá via precatório, com possível espera de meses ou até anos, a depender do orçamento da União.

Quem tem direito a receber uma RPV?

Quem tem direito à RPV é o segurado ou dependente que:

  • Entrou com ação judicial contra o INSS;
  • Obteve sentença favorável com trânsito em julgado (ou seja, quando não cabe mais recurso);
  • Teve o valor da condenação calculado e homologado judicialmente;
  • E cujo valor total da execução não ultrapassa 60 salários mínimos no momento da requisição.

Importante: esse limite considera o valor total da execução do processo, incluindo atrasados, diferenças, juros e correção monetária. 

Não basta que a aposentadoria ou o benefício tenha valor mensal baixo, o cálculo leva em conta todo o montante acumulado até a decisão final.

Se o valor for superior ao teto, o pagamento será feito por meio de precatório, salvo se o segurado renunciar ao excedente para se enquadrar no limite da RPV, algo que, em muitos casos, vale a pena.

Mas sobre a renúncia do valor excedente a 60 (sessenta) salários mínimos te oriento a conversar com o advogado que tratou do seu processo para te orientar.

As RPVs são comuns em ações judiciais contra o INSS envolvendo benefícios de valor moderado, onde o tempo de retroativos não é tão longo ou o benefício em si é de menor valor mensal.

Veja alguns exemplos práticos de situações em que o pagamento é feito por RPV:

  • Revisão de aposentadoria por tempo de contribuição, com diferença de cálculo limitada aos últimos 5 anos;
  • Concessão de pensão por morte judicial, com retroativos dentro do teto;
  • Concessão ou restabelecimento de auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença), com poucos meses de atraso;
  • Concessão de BPC/LOAS a pessoa com deficiência ou idoso, quando o INSS negou indevidamente o pedido;
  • Erro de cálculo do INSS corrigido judicialmente, sem impacto financeiro acima do teto.

Como é feito o pagamento da RPV?

Após o segurado vencer a ação contra o INSS, o processo entra na fase de execução de sentença, que é quando o valor da condenação é calculado, validado pelo juiz e encaminhado para pagamento.

Se o valor total da condenação for igual ou inferior a 60 salários mínimos, o pagamento será feito por Requisição de Pequeno Valor (RPV).

Concluído o processo, segue-se o seguinte fluxo:

  • O advogado apresenta o cálculo atualizado do valor a receber;
  • O juiz homologa o cálculo e emite a requisição de pagamento (RPV);
  • Essa requisição é enviada ao Tribunal Regional Federal (TRF) responsável;
  • O TRF organiza o pagamento e realiza o depósito em conta judicial.

Após a autorização judicial, o valor da RPV é depositado em uma conta judicial vinculada ao CPF do beneficiário, em um dos dois bancos públicos federais:

  • Caixa Econômica Federal;
  • Banco do Brasil.

Importante: o dinheiro não vai diretamente para a conta pessoal do segurado, a menos que o juiz tenha autorizado isso expressamente (o que é raro). 

O padrão é o depósito em conta judicial.

Caso você tenha dúvidas, te oriento a procurar o advogado que cuidou do seu processo, assim ele consegue te auxiliar na melhor maneira.

Como consultar o status da RPV?

Felizmente, a consulta pode ser feita online, diretamente nos sites dos Tribunais Regionais Federais (TRFs).

O INSS responde ações em todo o país, e cada região está vinculada a um TRF específico. Por isso, é importante saber em qual TRF o seu processo correu:

Para consultar, basta clicar no tribunal acima, que se encontra o seu processo.

Para consultar o andamento da RPV pela internet, normalmente você só precisa de um dos seguintes dados:

  • Número do processo judicial (preferencialmente da fase de execução);
  • CPF do titular (em alguns tribunais);
  • Nome completo da parte autora.

Dica: Se você não sabe em qual TRF está seu processo, consulte seu advogado ou use o site do PJe (Processo Judicial Eletrônico) para localizar.

Ao localizar a RPV, o sistema mostrará:

  • A data de expedição;
  • Em alguns casos, a previsão de pagamento;
  • O nome do titular ou advogado autorizado.
  • Em alguns casos, o banco de recebimento só fica disponível quando o dinheiro é depositado.

Em muitos casos, o pagamento já está disponível, mas o segurado não sabe, ou não tem autorização para sacar, e perde tempo (e dinheiro).

Por isso, caso o seu processo tenha sido acompanhado por um advogado, entre em contato com ele para te auxiliar e dar mais informações.

É possível receber RPV sem advogado?

Em teoria, sim. Se o processo judicial foi iniciado sem advogado (no Juizado Especial Federal), o pagamento da RPV também será feito diretamente ao beneficiário.

No entanto, na prática:

  • A maioria das ações contra o INSS envolve pontos técnicos e cálculos complexos, o que exige atuação de advogado;
  • Mesmo nos casos simples, o saque na conta judicial pode depender de alvará, que geralmente é solicitado e levantado pelo profissional habilitado nos autos.

Como herdeiros podem receber uma RPV?

Se o segurado faleceu após o trânsito em julgado da ação, os valores devidos ainda assim podem (e devem) ser pagos aos herdeiros legais ou dependentes habilitados.

Para isso, é necessário:

  • Solicitar a habilitação nos autos do processo judicial;
  • Apresentar os documentos exigidos, como:
  • Certidão de óbito;
  • Documentos pessoais do herdeiro;
  • Certidão de dependentes do INSS (se for o caso) ou de herdeiros legítimos;
  • Aguardar decisão judicial autorizando o levantamento do valor.

Esse processo pode variar de tribunal para tribunal. Por isso, é fundamental a atuação de um advogado previdenciário para evitar erros na habilitação e acelerar o recebimento do valor.

Conclusão

A Requisição de Pequeno Valor (RPV) é um mecanismo eficiente e célere para quem venceu uma ação judicial contra o INSS, desde que o valor da condenação não ultrapasse 60 salários mínimos.

Embora o procedimento pareça simples, a prática mostra que erros de cálculo, atrasos e exigências judiciais são frequentes, especialmente na fase de execução do valor.

Se você tem uma ação contra o INSS e foi informado de que receberá por RPV, fique atento: O direito está garantido, mas a execução precisa ser bem conduzida.

Até o próximo artigo!

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