Acerto de CNIS: Como corrigir vínculos e remunerações no INSS

Acerto de CNIS: três palavras que podem definir o futuro da sua aposentadoria, para melhor ou para muito pior. 

O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) é o espelho da sua vida laboral no INSS. 

Se ele estiver errado, seus direitos também estarão. 

  • Vínculos empregatícios desaparecem. 
  • Salários são ignorados. 
  •  Benefícios podem ser negados ou pagos com valor menor do que você realmente tem direito.

Pior ainda, milhares de brasileiros só descobrem esses erros quando já é tarde demais, no momento em que precisam do INSS e são surpreendidos por um indeferimento ou benefício abaixo do esperado. 

A boa notícia é que você pode e deve corrigir essas falhas

E é exatamente isso que este artigo vai te explicar, passo a passo, com base em leis, orientações oficiais e exemplos práticos.

Vamos lá?

Sumário

O que é o CNIS?

O CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) é o banco de dados que armazena toda a sua vida previdenciária. 

Literalmente, tudo o que você já contribuiu ou deixou de contribuir para o INSS está ali: 

  • Vínculos empregatícios
  • Salários
  • Períodos de atividade como autônomo
  • MEI
  • Contribuinte individual ou facultativo 
  • Além de registros de vínculos públicos, militares e até do exterior

Além disso, o CNIS consta todos os Benefícios recebidos junto ao INSS, como pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente, BPC/LOAS e aposentadorias.

Na prática, o CNIS é o documento mais importante para sua aposentadoria e qualquer outro benefício previdenciário

É ele que o INSS consulta quando você solicita um auxílio, pensão, aposentadoria ou revisão. 

Se o dado não estiver no CNIS, o sistema simplesmente não reconhece aquele tempo de trabalho ou contribuição, mesmo que você tenha documentos para provar o contrário.

Por isso, acertar o CNIS é tão crucial quanto contribuir regularmente.

Para que serve o CNIS na aposentadoria?

O CNIS serve como prova oficial para três pilares do seu direito previdenciário:

  1. Concessão de benefícios: Se você não tiver tempo de contribuição suficiente registrado no CNIS, o benefício será negado automaticamente. Isso vale para aposentadorias, auxílios e até o BPC.
  2. Cálculo da renda mensal inicial (RMI): O valor da aposentadoria é calculado com base nas remunerações registradas no CNIS. Se os salários estiverem incorretos, subnotificados ou zerados, você pode receber menos do que deveria, às vezes centenas de reais a menos — mês a mês.
  3. Revisões e acertos posteriores: Mesmo após a concessão de um benefício, o CNIS continua sendo a referência para pedidos de revisão, acréscimo de tempo, inclusão de contribuições atrasadas ou períodos omitidos. Sem o CNIS corretamente ajustado, é praticamente impossível obter revisões favoráveis.

Por isso, um erro no CNIS significa um erro direto no valor do seu benefício ou na sua chance de consegui-lo.

O acerto e a importância do CNIS estão previstos em lei.

Essas previsões dão a importância de que o CNIS tem presunção relativa de veracidade.

Ou seja, o que tem lá vai ser usado para sua aposentadoria e qualquer benefício junto ao INSS.

Por exemplo, a Lei nº 8.213/91, Art. 29-A detalha que:

  • “O INSS utilizará as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS sobre os vínculos e as remunerações dos segurados, para fins de cálculo do salário-de-benefício, comprovação de filiação ao Regime Geral de Previdência Social, tempo de contribuição e relação de emprego.”

Consegue perceber a importância do CNIS para se aposentar?

Como acessar o CNIS pelo Meu INSS

Consultar seu CNIS é o primeiro passo para identificar possíveis erros e garantir que seu tempo de contribuição e suas remunerações estejam corretamente registrados no INSS. 

Veja abaixo como fazer isso de forma prática:

  1. Acesse o site ou app Meu INSS: meu.inss.gov.br
  2. Faça login com sua conta Gov.br: Use seu CPF e senha. Se não tiver conta, crie gratuitamente.
  3. Clique em “Extrato de Contribuição (CNIS)”: O sistema exibirá seus vínculos, remunerações e possíveis indicadores de erro.

Gravei um vídeo com o passo a passo para você acessar o CNIS, veja:

Principais erros encontrados no CNIS

Você já sabe que o CNIS é a principal ferramenta do INSS para analisar e aprovar benefícios. 

No entanto, ele não é infalível

Milhares de segurados descobrem erros só no momento do pedido de aposentadoria, quando o prejuízo já está feito.

Veja os erros mais comuns que você deve observar no CNIS para corrigir enquanto o antes:

Vínculos ausentes, duplicados ou incorretos

Um dos problemas mais recorrentes no CNIS é a ausência de vínculos de trabalho, especialmente nos períodos anteriores ao eSocial ou em empregos informais. 

Também é comum encontrar:

  • Vínculos ausentes: períodos inteiros de trabalho que simplesmente não aparecem no sistema;
  • Vínculos duplicados: o mesmo emprego aparece mais de uma vez, com dados conflitantes;
  • Vínculos sem data de início ou fim: o registro existe, mas está incompleto — o que impede o INSS de validar o tempo de contribuição;
  • Datas trocadas ou incompatíveis: admissão posterior à demissão ou períodos que se sobrepõem a outros empregos.

Esses erros comprometem diretamente o tempo de contribuição, o direito adquirido e até a qualidade de segurado

Muitas vezes, mesmo quem trabalhou com carteira assinada encontra vínculos completamente ausentes do CNIS, por falha da empresa ou erro de sistema.

Veja um exemplo prático para você entender melhor:

Maria trabalhou como auxiliar administrativa entre 1996 e 1999 com carteira assinada. 

No entanto, ao consultar o CNIS em 2024, esse vínculo não constava. 

Sem ele, faltavam 3 anos para sua aposentadoria.

Para corrigir, Maria deve pedir um ajuste de CNIS para acrescentar essas remunerações e incluir os salários.

Ou outro exemplo seria:

Carlos trabalhou como vigilante de 2002 a 2006, mas no CNIS o vínculo aparece sem data de saída. 

O INSS entendeu que o vínculo estava “em aberto” e não considerou o período encerrado para fins de carência e contagem de tempo.

Remunerações zeradas, incompatíveis ou subnotificadas

Outro erro crítico é quando o vínculo está presente, mas o salário registrado está zerado ou muito abaixo do real

Isso ocorre, por exemplo, quando:

  • A empresa informou apenas o vínculo, sem declarar corretamente a remuneração;
  • Contribuições foram pagas abaixo do salário-mínimo vigente (não computam para carência);
  • O sistema integrou dados inconsistentes com a Receita Federal (DIRPF) ou GFIP.

Esses erros afetam diretamente o cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI) da aposentadoria. 

Um salário subnotificado pode reduzir drasticamente o valor do benefício.

Para você entender como acontece na prática, veja um exemplo:

João contribuiu como autônomo entre 2010 e 2013 com valores entre R$ 2.000 e R$ 3.000, mas o CNIS mostra todas as remunerações como R$ 0,00. 

O INSS considerou o período como inválido por não atingir o mínimo, mas a decisão do INSS foi incorreta.

Por isso, João deve corrigir o CNIS antes de pedir qualquer benefício junto ao INSS.

Indicadores de pendência e inconsistência no CNIS

Ao lado de vínculos e remunerações no CNIS, você pode encontrar abreviações que indicam que há algo errado. 

Esses são os chamados “indicadores”, códigos internos que bloqueiam temporariamente o uso do período para aposentadoria ou outros benefícios.

A seguir, listamos 10 indicadores reais que exigem providência imediata para não causar prejuízo, veja:

IndicadorSignificadoConsequênciaSolução
PADM-EMPRData de admissão anterior ao início da atividade do empregador.Vínculo pode ser Desconsiderado pelo INSSApresentar Carteira de Trabalho ou documentos que comprovem o vínculo.
PEMP-IDINVEmpregador com identificador inválido (CNPJ ou dados incorretos).INSS não reconhece o vínculo.Corrigir os dados com documentos como CTPS, contracheques ou declaração da empresa.
PREC-MENOR-MINSalário de contribuição inferior ao salário mínimo.Contribuição não é computada.Realizar complementação da contribuição para atingir o valor mínimo.
PREC-FACULTCONCContribuição como facultativo possivelmente concomitante a vínculo empregatício.Pode ser anulada por presumir atividade remunerada.Solicitar baixa do vínculo em aberto ou pedir reembolso, se for o caso.
IREC-LC123Contribuições feitas como MEI (5%) ou plano simplificado (11%).Não contam para aposentadoria por tempo de contribuição.Realizar complementação (15% para MEI ou 9% para plano simplificado).
PREM-EXTRemuneração registrada fora do prazo legal (em atraso).Pode não contar para carência.Comprovar a atividade no período com documentos como recibos ou contratos.
PREM-FVINRemuneração posterior à data de saída registrada no vínculo.Pode ser ignorada pelo INSS.Apresentar prova de que o vínculo continuou ou que a data de saída está errada.
PREM-IVINRemuneração anterior à data de admissão registrada.Pode haver exclusão da remuneração.Mostrar contrato ou CTPS com data correta de início.
PEXTVínculo anotado com data posterior à real (anotado tardiamente).INSS pode desconsiderar se não houver comprovação.Apresentar documentos que provem a existência da atividade na época (ex: contrato, recibos).
PVIN-REC-PROC-TRABPendência no reconhecimento de vínculo proveniente de processo trabalhista.Vínculo pode ser ignorado.Apresentar cópia integral do processo trabalhista e/ou demais provas do vínculo.

Falta de contribuições como MEI, autônomo ou facultativo

Trabalhadores informais, autônomos e contribuintes facultativos também enfrentam problemas comuns, como:

  • Pagamentos sem correspondência no CNIS por erro no código da GPS;
  • Ausência de inscrição formal antes da contribuição (descumprimento do art. 9º da IN 128/2022);
  • Parcelas pagas em atraso sem acréscimos legais (multas e juros);
  • Contribuições como MEI não lançadas automaticamente — especialmente quando o CNPJ está inativo.

Esses casos exigem pedido de acerto com documentação complementar

Caso contrário, o período não é reconhecido e você pode perder tempo de contribuição valioso

Como Corrigir Vínculos e Remunerações no CNIS

Quando um vínculo de trabalho não aparece corretamente no CNIS, seja por ausência, erro de datas ou remuneração zerada, o segurado deve solicitar um ajuste de vínculos e remunerações junto ao INSS. 

Esse procedimento é essencial para garantir o reconhecimento do tempo de contribuição e o valor correto da aposentadoria.

Veja abaixo o passo a passo:

  1. Etapa 1: Ligue para o 135
  • Antes de mais nada, é necessário ligar para o número 135 (central de atendimento do INSS).
  • Durante a ligação, informe que deseja abrir um pedido de ajuste de vínculos e remunerações. O atendente irá registrar sua solicitação no sistema e liberar a opção de anexar os documentos pelo portal Meu INSS.
  • Sem essa ligação, o sistema normalmente não permite envio direto.
  1. Etapa 2: Anexe os Documentos pelo Meu INSS
  • Após a liberação pelo 135, siga este passo a passo:
  • Acesse o site ou app do Meu INSS.
  • Clique em “Novo Pedido” e procure por: “Atualização de Vínculos e Remunerações”.
  • Anexe todos os documentos digitalizados em PDF.
  • Acompanhe a análise pelo próprio portal.

Quais documentos Apresentar no Ajuste de Vínculos e Remunerações?

A seguir, os principais documentos aceitos que podem servir para comprovar vínculos e remunerações junto ao INSS:

  1. CTPS (Carteira de Trabalho Física): Somente a versão física é aceita como prova real de vínculos antigos ou ausentes no CNIS.
  • Atenção: A Carteira de Trabalho Digital não serve como prova nesses casos, pois ela apenas replica as informações já existentes no CNIS. Ou seja, se o vínculo estiver errado ou ausente, a versão digital refletirá o erro.
  1. Holerites, FGTS, RAIS e CAGED
  • Contracheques e extratos de FGTS ajudam a comprovar a remuneração.
  • RAIS e CAGED comprovam vínculo junto a bases do governo.
  1. Contratos e Declarações
  • Contrato de trabalho assinado.
  • Declaração formal do empregador (com CNPJ ativo).
  • São úteis quando a CTPS está incompleta.
  1. Em caso de Vitória em Processo Trabalhista:
  • Cópia integral do processo

Conclusão

O CNIS é o espelho da sua vida contributiva. 

É com base nele que o INSS decide se você tem direito a se aposentar, quando poderá fazê-lo e qual será o valor do seu benefício.

Ignorar erros, vínculos ausentes ou remunerações zeradas é abrir mão de tempo e de dinheiro e, muitas vezes, de anos inteiros de contribuição que simplesmente deixam de ser considerados.

A verdade é simples: quem não cuida do CNIS, perde tempo, valor e até o direito ao benefício

Corrigir essas falhas cedo evita surpresas desagradáveis no momento mais crítico, a hora de pedir sua aposentadoria.

E como você viu neste guia, é possível fazer o ajuste com documentos e pedido no Meu INSS. 

Mas em muitos casos, a análise técnica de um profissional é essencial para não deixar passar nenhum detalhe.

Até o próximo artigo!

Compartilhe o conteúdo:

WhatsApp

Leia Também