Quem tem Transtorno Bipolar Aposenta pelo INSS? Dá afastamento do trabalho? Existe direito a algum benefício? Sim, são três as opções disponíveis:
- Auxílio Doença (para incapacidade temporária)
- Aposentadoria por Invalidez (para incapacidade permanente)
- BPC/LOAS (aposentadoria para pessoas de baixa renda)
O transtorno bipolar (CID F31) afeta uma proporção significativa da população, manifestando-se em diferentes faixas etárias e caracterizando-se por mudanças significativas no humor e comportamento.
Como uma condição crônica psiquiátrica, o transtorno bipolar pode provocar:
- Flutuações extremas de humor, de euforia a depressão;
- Energia variável e níveis de atividade;
- Dificuldades no sono;
- Comportamento impulsivo e às vezes perigoso;
- Problemas de concentração e desorientação.
Devido ao caráter cíclico e aos sintomas que afetam gravemente a qualidade de vida e a capacidade de trabalho, o transtorno bipolar (CID F31) pode se enquadrar nos critérios para a concessão de benefícios do INSS.
Neste artigo, você descobrirá todos os detalhes!
Sumário
- O que é o Transtorno Bipolar?
- Auxílio Doença para quem tem Transtorno Bipolar
- Aposentadoria por Invalidez para quem tem Transtorno Bipolar
- Quem tem direito à Aposentadoria por Invalidez por Transtorno Bipolar?
- Qual o valor da Aposentadoria por Invalidez para Transtorno Bipolar?
- Adicional de 25% na Aposentadoria por Invalidez
- Isenção de Imposto de Renda na Aposentadoria por Invalidez
- Como dar entrada na Aposentadoria por Invalidez para quem tem Transtorno Bipolar
- BPC/LOAS para quem tem Transtorno Bipolar
- Decidindo Entre os Benefícios do INSS: Auxílio, Aposentadoria ou BPC/LOAS para Transtorno Bipolar
- Aposentadoria Negada, o que fazer?
O que é o Transtorno Bipolar?
O transtorno bipolar (CID F31) é uma condição psiquiátrica complexa que causa alterações extremas no humor, energia e capacidade de função, variando entre períodos de euforia intensa (manias) e episódios de depressão profunda.
Os sintomas típicos do transtorno bipolar incluem:
- Depressão: Sentimentos de tristeza ou desespero que duram semanas ou até meses.
- Mania: Períodos de grande euforia ou irritabilidade, energia excessiva.
- Dificuldades Cognitivas: Problemas para se concentrar e tomar decisões.
- Alterações do Sono: Insônia ou dormir excessivamente.
- Comportamento Errático: Tomadas de decisão impulsivas e atividade excessiva.
- Fadiga: Sentir-se extremamente cansado, independentemente da atividade.
- Problemas Psicossociais: Dificuldades em manter relações sociais e profissionais estáveis.
Essas oscilações podem impactar severamente a rotina diária, tornando o gerenciamento de atividades diárias e profissionais um desafio considerável.
Qual a CID do Transtorno Bipolar?
O diagnóstico de transtorno bipolar é realizado por um psiquiatra e, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID):
- CID-10 F31: Transtorno Afetivo Bipolar, que descreve a condição geral.
- CID-10 F31.0: Episódios Maníacos Múltiplos, para casos de mania recorrente.
- CID-10 F31.1: Bipolaridade com episódios depressivos mais frequentes.
- CID-10 F31.2: Transtorno Bipolar, estado atual maníaco, para descrição de um episódio maníaco ativo.
- CID-10 F31.9: Transtorno Bipolar Não Especificado, usado quando a condição não se encaixa claramente em outras categorias específicas.
Estes códigos são fundamentais para a documentação clínica e avaliação do direito a benefícios pelo INSS.
Transtorno Bipolar dá direito a Aposentadoria do INSS?
Quem for diagnosticado com transtorno bipolar (CID F31) pode ter direito a benefícios junto ao INSS, dependendo de como a condição afeta sua capacidade de trabalho.
O INSS considera a incapacidade provocada pelo transtorno bipolar como um dos critérios para a concessão de benefícios, veja os possíveis:
- Auxílio-doença, para quem está temporariamente incapaz de trabalhar devido à condição.
- Aposentadoria por invalidez, para aqueles que estão permanentemente incapacitados para qualquer trabalho e que não podem ser reabilitados para outra função.
- Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), destinado a pessoas que possuem uma deficiência ou condição grave e não possuem meios de prover a própria manutenção, não tendo contribuído o suficiente para o INSS e vivendo em condição de vulnerabilidade social.
Auxílio Doença para quem tem Transtorno Bipolar
O Auxílio Doença é um benefício previdenciário que apoia trabalhadores que estão temporariamente impedidos de exercer suas funções devido a condições de saúde, como o Transtorno Bipolar.
Este benefício, também referido como auxílio por incapacidade temporária, é destinado àqueles que têm perspectivas de recuperação e possibilidade de retorno ao trabalho.
Quem tem direito ao Auxílio Doença por Transtorno Bipolar?
Para ter direito ao Auxílio Doença por Transtorno Bipolar, o indivíduo deve atender aos seguintes requisitos:
- Qualidade de Segurado: É necessário estar cadastrado e ativo no sistema do INSS, geralmente exigindo contribuições recentes à Previdência Social.
- Carência: É preciso ter contribuído por pelo menos 12 meses antes da data de início da incapacidade, embora essa exigência possa ser dispensada em caso de condições específicas ou acidentes.
- Incapacidade Temporária para o Trabalho: A incapacidade deve ser comprovada por meio de perícia médica do INSS, que avaliará se o Transtorno Bipolar impede temporariamente o trabalhador de realizar suas funções.
Qual valor do Auxílio Doença por Transtorno Bipolar?
Existem dois cenários possíveis para o cálculo do Auxílio Doença, baseados na legislação previdenciária atual, ou seja, depois da reforma da previdência, e anterior a ela:
- Cálculo do Auxílio Doença antes da Reforma da Previdência (até 12/11/2019):
- Baseado na média das 80% maiores contribuições desde julho de 1994, aplicando-se sobre essa média uma porcentagem de 91%.
- O valor final do benefício não poderia ser inferior ao salário mínimo nem superior ao último salário de contribuição.
- Cálculo do Auxílio Doença após a Reforma da Previdência (a partir de 13/11/2019):
- Baseado na média das 100% maiores contribuições desde julho de 1994,
- Mas o valor final do benefício não pode exceder a média dos últimos 12 salários de contribuição do segurado.
Como funciona na prática?
- Marcelo, diagnosticada com Transtorno Bipolar, tenha uma média das contribuições de R$ 6.000.
- Seguindo a regra de cálculo de 91% após a reforma, o valor do benefício seria inicialmente calculado como R$ 5.460.
- No entanto, se a média dos últimos 12 salários de Marcelo foi R$ 4.500, o Auxílio Doença será limitado a esse valor mais recente, devido às regras da reforma.
Como dar entrada no Auxílio Doença por Transtorno Bipolar
O processo de solicitação do Auxílio-Doença para indivíduos com Transtorno Bipolar inclui os seguintes passos:
- Portal ou Aplicativo Meu INSS:
- Entre no site ou aplicativo do Meu INSS;
- Faça login usando seu CPF e senha;
- Na interface, selecione “Pedir Benefício por Incapacidade”;
- Escolha “Auxílio por incapacidade temporária”.
- Siga as orientações para completar seu pedido.
- Através do mesmo sistema, agende uma perícia médica onde um médico perito do INSS avaliará sua condição de saúde.
- Escolha a data, horário e local da perícia que melhor se adequem à sua disponibilidade.
Se não tiver acesso ao portal do MeuINSS, o pedido também pode ser realizado ligando para o número 135.
Aposentadoria por Invalidez para quem tem Transtorno Bipolar
A Aposentadoria por Invalidez é um benefício concedido a segurados do INSS que estão permanentemente incapacitados para realizar qualquer atividade laboral devido a condições graves de saúde, como o Transtorno Bipolar (CID F31).
Este benefício é destinado a pessoas que enfrentam uma incapacidade contínua, sem perspectiva de retorno ao trabalho anterior.
Quem tem direito à Aposentadoria por Invalidez por Transtorno Bipolar?
Para ter direito à aposentadoria por invalidez, os requisitos são similares aos do auxílio doença, incluindo:
- Qualidade de Segurado: O requerente deve estar inscrito e ativo no INSS, usualmente exigindo contribuições recentes, exceto quando a incapacidade resulta diretamente de um evento significativo relacionado à saúde.
- Carência: Normalmente são necessárias 12 contribuições mensais, mas essa exigência pode ser dispensada em casos específicos relacionados à gravidade da condição.
- Incapacidade Permanente para Qualquer Trabalho: A incapacidade deve ser confirmada por uma perícia médica do INSS, que avaliará se a condição do segurado o impede permanentemente de trabalhar ou se reabilitar.
Qual o valor da Aposentadoria por Invalidez para Transtorno Bipolar?
As mudanças legislativas recentes também impactaram o cálculo da aposentadoria por invalidez:
- Antes da Reforma da Previdência (até 12/11/2019):
- O benefício era calculado como 100% do salário de benefício, baseado na média das 80% maiores contribuições desde julho de 1994.
- Após a Reforma da Previdência (a partir de 13/11/2019):
- O cálculo é realizado sobre a média de todas as contribuições desde julho de 1994;
- Aplicando-se 60% mais 2% para cada ano de contribuição que ultrapassa 20 anos para homens e 15 anos para mulheres.
Exemplo Prático do Cálculo da Aposentadoria por Invalidez pós-Reforma:
Ana, diagnosticada com Transtorno Bipolar, trabalhou por 20 anos. A média de todas as suas contribuições foi de R$ 5.000.
Com as regras atuais:
- A base de cálculo para a aposentadoria por invalidez de Ana seria a média de todas as suas contribuições desde julho de 1994;
- A alíquota aplicada seria de 70% (60% base mais 10% adicionais, pois Ana contribuiu por 5 anos além dos 15 anos exigidos para mulheres);
- Resultando em uma Aposentadoria por Invalidez de R$ 3.500 (70% de R$ 5.000).
Adicional de 25% na Aposentadoria por Invalidez
Quando o Transtorno Bipolar torna o segurado dependente de cuidados permanentes, é possível solicitar um aumento de 25% no valor da aposentadoria por invalidez.
Este adicional é destinado a cobrir custos adicionais com cuidadores ou adaptações necessárias no cotidiano, ajudando a garantir uma melhor qualidade de vida.
Ele é concedido após avaliação da necessidade durante a perícia médica, caso seja comprovado que o segurado necessita de assistência permanente de outra pessoa.
Isenção de Imposto de Renda na Aposentadoria por Invalidez
Aposentados por invalidez devido ao Transtorno Bipolar também podem ter direito a isenção de imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria.
Segundo a Lei 7.713/88, Art. 6º, XIV, a isenção é garantida aos portadores de alienação mental, o que pode incluir o Transtorno Bipolar quando há uma incapacidade permanente e significativa relacionada.
Como dar entrada na Aposentadoria por Invalidez para quem tem Transtorno Bipolar
Se você está lidando com Transtorno Bipolar (CID F31) aqui vai o passo a passo para dar entrada na aposentadoria por Invalidez:
- Acesse o site ou baixe o aplicativo do Meu INSS;
- Faça login utilizando seu CPF e senha.
- Na tela inicial, selecione a opção “Novo Pedido”.
- Escolha “Aposentadoria por Invalidez” ou “Aposentadoria por Incapacidade Permanente” entre as opções disponíveis.
- Durante o processo de solicitação, você será instruído a agendar uma perícia médica.
- Esta etapa é crucial, pois um médico perito avaliará sua condição e determinará se sua incapacidade é de fato permanente.
- Escolha a data, o horário e o local mais convenientes para você realizar a perícia médica.
- Após agendar sua perícia, acompanhe o status do seu pedido pelo sistema do Meu INSS.
- Certifique-se de comparecer à perícia no dia e hora marcados, levando todos os documentos médicos que comprovem sua condição.
BPC/LOAS para quem tem Transtorno Bipolar
O Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) é uma assistência social administrada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que oferece um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade social.
Para aqueles com Transtorno Bipolar (CID F31) que necessitam do BPC/LOAS, não é exigido ter contribuições prévias ao INSS, já que este é um benefício assistencial destinado a indivíduos de baixa renda.
Quem tem direito ao BPC/LOAS por Transtorno Bipolar?
Para ter direito ao BPC/LOAS no caso de Transtorno Bipolar (CID F31), são necessários dois critérios fundamentais:
- Deficiência: O solicitante deve comprovar incapacidade de longo prazo (mínimo de 2 anos), que resulte em impedimentos significativos, seja na capacidade física, mental, intelectual ou sensorial.
- Condição Socioeconômica: A renda por pessoa do grupo familiar deve ser inferior a 1/4 do salário mínimo vigente, demonstrando a necessidade de suporte financeiro.
E já te adianto que sim, o transtorno bipolar (CID F31) é considerada uma deficiência e pode dar direito ao BPC/LOAS, caso você não tenha os requisitos para se aposentar
Como solicitar o BPC/LOAS para Transtorno Bipolar
Para dar entrada no BPC/LOAS, é essencial que o interessado esteja inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
Aqui estão as duas maneiras principais de iniciar o pedido:
- Online, via MeuINSS:
- Acesse o site do MeuINSS ou baixe o aplicativo.
- Faça login utilizando suas credenciais gov.br.
- Selecione “Novo Pedido” e escolha “Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência”.
- Siga as instruções detalhadas para completar seu pedido e anexe todos os documentos necessários.
- Por Telefone, ligando para o 135:
- Ligue para o número 135 do INSS.
- Informe ao atendente que deseja iniciar o processo para o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência devido ao Transtorno Bipolar (CID F31).
- Siga as orientações do atendente para prosseguir com seu pedido.
Decidindo Entre os Benefícios do INSS: Auxílio, Aposentadoria ou BPC/LOAS para Transtorno Bipolar
A escolha do benefício previdenciário mais adequado para quem sofre de Transtorno Bipolar (CID F31) depende de vários fatores, incluindo a gravidade da condição e se a pessoa contribuiu para o INSS.
Veja como cada benefício se aplica:
- Finalidade: Cobrir períodos de incapacidade temporária para trabalhar.
- Requisitos: Carência de 12 contribuições e manutenção da qualidade de segurado ativa.
- Vínculo com INSS: Necessário ter histórico de contribuições.
- Indicado para: Casos onde o transtorno bipolar impede temporariamente a capacidade de trabalho, mas há possibilidade de recuperação e retorno às atividades.
- Finalidade: Concedido aos que estão permanentemente incapazes de trabalhar devido ao seu estado de saúde.
- Requisitos: Necessidade de comprovação de incapacidade permanente através de perícia médica, com carência de 12 contribuições, exceto em casos de acidente ou doença profissional.
- Vínculo com INSS: Requer contribuições prévias, exceto em situações especiais.
- Indicado para: Pessoas cujo transtorno bipolar resulta em uma incapacidade contínua e sem perspectiva de melhora, impedindo permanentemente o retorno ao trabalho.
- Finalidade: Prover assistência financeira a pessoas com deficiência e idosos em condição de pobreza, sem a necessidade de contribuições prévias ao INSS.
- Requisitos: Demonstração de incapacidade de longo prazo e uma renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo.
- Vínculo com INSS: Não necessita de contribuições anteriores.
- Indicado para: Indivíduos que possuem limitações severas devido ao transtorno bipolar e que não possuem condições econômicas para sustentar-se.
Como Funciona a Perícia do INSS para Transtorno Bipolar
Quando se trata de avaliar condições psiquiátricas como o Transtorno Bipolar, a perícia médica do INSS é fundamental para determinar o grau de incapacidade do segurado.
Aqui estão algumas dicas para se preparar para a perícia:
- Documentação Médica: É crucial apresentar todos os relatórios e laudos médicos atualizados que detalhem o histórico do transtorno, tratamentos realizados e sua resposta a eles.
- Preparação para a Perícia: Esteja preparado para explicar como o transtorno afeta suas atividades diárias e sua capacidade de trabalho.
- Pontualidade e Comunicação: Chegue ao local com antecedência e comunique-se claramente sobre suas limitações e sintomas.
Aposentadoria Negada, o que fazer?
Se o pedido de aposentadoria ou auxílio for negado, é essencial entender os motivos da negativa e buscar assistência jurídica especializada.
Um advogado de direito previdenciário poderá avaliar o caso, sugerir a melhor estratégia de recurso ou ação judicial e ajudar a reverter decisões injustas do INSS.
Lembre-se:
Muitas negativas são revertidas com sucesso na justiça, principalmente quando bem fundamentadas e com a apresentação adequada de provas médicas.
Não desista dos seus direitos.
Se precisar de mais informações ou suporte, não hesite em entrar em contato conosco.
Até a próxima!