CID S06: Traumatismo Intracraniano Aposenta?

 CID S06: Traumatismo Intracraniano Aposenta? Auxílio

Sofrer um traumatismo intracraniano pode mudar completamente a vida de uma pessoa. 

Esse tipo de lesão afeta o cérebro, um dos órgãos mais essenciais do corpo humano, e pode deixar sequelas graves que comprometem desde a capacidade de trabalho até a autonomia para tarefas simples do dia a dia. 

Com impacto direto na saúde física e mental, as consequências variam desde dificuldades cognitivas e motoras até a necessidade de cuidados contínuos.

Diante de um quadro tão delicado, é natural que surjam dúvidas: 

Neste artigo você vai ficar por dentro de como funciona tudo isso.

Vamos lá?

Sumário

Traumatismo Intracraniano Dá Direito à Aposentadoria por Invalidez?

O traumatismo intracraniano (CID S06) pode gerar sequelas graves e permanentes, como comprometimento cognitivo, perda de movimentos e incapacidade de realizar atividades diárias. 

Se a doença resultar na impossibilidade de retorno ao trabalho e não houver chance de reabilitação para outra função, o segurado pode ter direito à Aposentadoria por Invalidez.

A Aposentadoria por Invalidez é concedida quando a perícia do INSS comprova que o segurado está total e permanentemente incapacitado para o trabalho, sem possibilidade de reabilitação para outra atividade profissional. 

Traumatismo Intracraniano

Os principais requisitos são:

  1. Incapacidade total e permanente: O traumatismo precisa comprometer significativamente as funções motoras, cognitivas ou sensoriais, de forma que o segurado não consiga mais exercer nenhuma atividade laboral.
  2. Comprovação por perícia médica: A incapacidade deve ser atestada por um perito do INSS, com base nos laudos médicos e exames apresentados.
  3. Carência mínima de 12 contribuições mensais: Em regra, o segurado precisa ter contribuído por pelo menos 12 meses ao INSS. No entanto, se o traumatismo ocorreu por acidente ou doença grave, essa carência pode ser dispensada.
  4. Qualidade de segurado: O trabalhador deve estar contribuindo regularmente ou estar dentro do período de graça (tempo em que mantém seus direitos mesmo sem contribuir).

Quando o Traumatismo é Considerado Incapacitante de Forma Permanente?

A incapacidade é considerada permanente quando:

  • As sequelas do traumatismo impedem atividades básicas e profissionais, como concentração, comunicação ou locomoção.
  • Não há possibilidade de recuperação ou reabilitação para outra função.
  • O segurado necessita de cuidados contínuos (em alguns casos, com necessidade de auxílio de terceiros).

Se o quadro evoluir para uma incapacidade total e irreversível, a aposentadoria por invalidez será concedida.

O Traumatismo Intracraniano Sempre Resulta em Aposentadoria por Invalidez?

Não. 

A Aposentadoria por Invalidez só é concedida quando o segurado não pode exercer nenhuma atividade profissional e não há possibilidade de reabilitação para outra função. 

Se as sequelas forem moderadas e permitirem o retorno ao trabalho, o segurado pode ter direito a auxílio-acidente ou auxílio-doença, mas não à aposentadoria por invalidez.

Adicional de 25% na Aposentadoria por Invalidez

O adicional de 25% é um aumento no valor da aposentadoria por invalidez, previsto no art. 45 da Lei 8.213/91. 

Ele é concedido quando o segurado precisa de assistência permanente de outra pessoa para realizar atividades básicas do dia a dia, como se alimentar, tomar banho ou se locomover.

No caso do traumatismo intracraniano, se o segurado desenvolver sequelas graves, como déficits cognitivos, paralisia ou perda severa da coordenação motora, ele pode ter direito ao adicional. 

A necessidade de um cuidador ou assistência contínua é fundamental para a concessão.

Veja um exemplo:

  • João sofreu um traumatismo intracraniano grave e perdeu a capacidade de andar, precisando da ajuda de terceiros para se vestir e tomar banho. 
  • Além da aposentadoria por invalidez, ele terá direito ao adicional de 25%, aumentando sua renda para cobrir despesas com cuidados pessoais.

Isenção de Imposto de Renda para Segurados com Traumatismo Intracraniano

A isenção de Imposto de Renda é garantida para segurados com doenças graves listadas no art. 6º, inciso XIV, da Lei 7.713/88. 

Embora o traumatismo intracraniano (CID S06), por si só, não esteja na lista, ele pode desencadear condições incapacitantes que dão direito à isenção

Traumatismo Intracraniano

São exemplos:

  • Cegueira: Quando o traumatismo provoca danos irreversíveis à visão, como uma lesão no nervo óptico após um impacto severo na cabeça.
  • Alienação mental: O traumatismo pode causar transtornos psiquiátricos irreversíveis, como quadros de demência ou psicose, impedindo o segurado de gerir sua vida pessoal e profissional.
  • Paralisia irreversível e incapacitante: Se o trauma resultar em lesão neurológica permanente, como hemiplegia ou tetraplegia, o segurado perde a capacidade de se locomover ou cuidar de si sem assistência.

Veja, a isenção de imposto de renda acontece exclusivamente em cima dos proventos de aposentadoria. Ou seja, é o valor do benefício que fica isento.

Auxílio-Doença para Traumatismo Intracraniano: Quando é Possível Solicitar?

O auxílio-doença é um benefício previdenciário concedido quando o segurado fica temporariamente incapacitado para o trabalho devido a problemas de saúde, como o traumatismo intracraniano. 

Para receber o benefício, é necessário:

  • Incapacidade comprovada por laudos médicos e exames que demonstrem a impossibilidade de exercer atividades profissionais.
  • Perícia médica do INSS, que irá avaliar se a incapacidade é temporária e justifica o afastamento.
  • Carência de 12 meses de contribuição, salvo para casos de acidentes ou doenças graves, como o traumatismo intracraniano, que dispensam esse período mínimo.

Traumatismo Intracraniano Resultante de Acidente de Trabalho: Quais São os Direitos?

O segurado que sofre um traumatismo intracraniano decorrente de acidente de trabalho pode ter direito a benefícios acidentários. 

Esses benefícios visam compensar a perda da capacidade de trabalho, seja temporária ou permanente, e têm algumas vantagens em relação aos benefícios comuns, como a isenção de carência e estabilidade no emprego por 12 meses após a alta médica. 

Abaixo, explicamos cada um dos três principais benefícios acidentários e como funcionam.

Auxílio-Doença Acidentário (B91)

Este benefício é concedido quando o segurado, em decorrência de um acidente de trabalho, fica temporariamente incapacitado para suas atividades. 

O auxílio-doença acidentário (B91) é diferente do auxílio-doença comum (B31) porque garante estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno ao trabalho e não exige carência mínima.

Exemplo Prático:

Ana sofreu um traumatismo intracraniano ao cair de uma escada no trabalho e precisou ficar afastada por quatro meses para tratamento médico e reabilitação. 

Durante esse período, ela recebeu o auxílio-doença acidentário (B91). 

Após sua recuperação e retorno ao emprego, Ana tem direito à estabilidade por 12 meses, ou seja, não pode ser demitida sem justa causa nesse período.

Vantagens:

  • Estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno ao trabalho.
  • Isenção de carência: não é necessário ter um número mínimo de contribuições para solicitar.

Auxílio-Acidente (B94)

O auxílio-acidente é um benefício indenizatório pago ao segurado que, após se recuperar de um acidente, permanece com sequelas permanentes que reduzem sua capacidade para o trabalho, mas ainda pode continuar exercendo alguma atividade. 

Esse benefício é pago junto com o salário e não impede o retorno ao trabalho.

Veja um exemplo prático:

João sofreu um traumatismo intracraniano no trabalho e, após a alta médica, ficou com dificuldade cognitiva leve, reduzindo sua produtividade. Ele voltou ao trabalho, mas com limitações. Como as sequelas são permanentes, João tem direito ao auxílio-acidente (B94), que será pago mensalmente como um adicional à sua remuneração.

Vantagens:

  • O benefício é cumulativo com o salário, ou seja, pode ser recebido junto com a remuneração.
  • Não impede o segurado de continuar trabalhando.
  • Garante uma indenização mensal vitalícia enquanto o segurado não se aposentar.

Aposentadoria por Invalidez Acidentária (B92)

A aposentadoria por invalidez acidentária é concedida quando o segurado fica total e permanentemente incapacitado para exercer qualquer atividade profissional, sem possibilidade de reabilitação, devido a um acidente de trabalho. 

Esse benefício não exige carência mínima e é concedido em valor integral, correspondente a 100% da média das contribuições.

Exemplo Prático:

Carlos sofreu um grave traumatismo intracraniano ao operar um maquinário na fábrica e ficou com hemiplegia (paralisia de um lado do corpo). 

Após a conclusão do tratamento, o INSS constatou que ele não pode ser reabilitado para outra função e, portanto, Carlos teve direito à aposentadoria por invalidez acidentária (B92).

Vantagens:

  • Valor integral do benefício: 100% da média das contribuições.
  • Isenção de carência: pode ser concedida mesmo sem contribuições mínimas.

BPC/LOAS: Traumatismo Intracraniano Pode Dar Direito ao Benefício Assistencial?

Traumatismo Intracraniano

O Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) é um benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), concedido a pessoas dos seguintes grupos:

  • Deficiência de qualquer idade;
  • Idosos com 65 anos ou mais

Desde que não tenham condições financeiras para prover sua subsistência. 

No caso de um traumatismo intracraniano (CID S06), é necessário que o evento tenha causado sequelas permanentes que configurem uma deficiência para dar direito ao BPC.

Além da deficiência causada pelas sequelas do traumatismo, é necessário que o requerente atenda aos critérios financeiros exigidos pela LOAS:

  • Renda familiar per capita inferior a 1/4 do salário mínimo 
  • O núcleo familiar precisa ser inscrito no Cadastro Único (CadÚnico), utilizado pelo governo para verificar a situação socioeconômica.

Caso a renda ultrapasse o limite, ainda é possível que o benefício seja concedido, desde que a família comprove gastos elevados com medicamentos, tratamento ou cuidadores.

Quando o Traumatismo Intracraniano é Considerado uma Deficiência?

A deficiência é caracterizada quando as sequelas resultam em barreiras físicas, sensoriais, mentais ou sociais que dificultam a participação plena da pessoa na sociedade em igualdade de condições. 

O traumatismo intracraniano pode ser considerado uma deficiência nos seguintes casos:

  • Déficits cognitivos ou mentais severos, como dificuldades de memória, raciocínio, ou transtornos comportamentais que impedem a pessoa de realizar atividades diárias ou trabalhar.
  • Paralisia parcial ou total (hemiplegia, tetraplegia), que compromete a capacidade de locomoção ou o autocuidado.
  • Epilepsia pós-traumática, quando as crises são frequentes e incontroláveis, inviabilizando a rotina de trabalho e vida independente.
  • Perda sensorial significativa, como surdez ou problemas graves de visão, decorrentes do trauma.

Documentação Necessária para Benefícios do INSS

Para solicitar benefícios relacionados ao traumatismo intracraniano (CID S06), é fundamental apresentar laudos médicos atualizados. 

Traumatismo Intracraniano

Os laudos devem: 

  • Conter o CID S06 e o diagnóstico completo. 
  • Descrever sintomas e sequelas, como déficits cognitivos, paralisias, ou crises convulsivas. 
  • Informar a evolução clínica e a necessidade de tratamentos contínuos. Indicar se o segurado está incapaz para o trabalho e por quanto tempo.

Exames de imagem e laboratoriais são essenciais para comprovar a gravidade da lesão e suas consequências. 

Os mais comuns são:

  • Tomografia Computadorizada (TC): Avalia lesões cerebrais e hemorragias. 
  • Ressonância Magnética (RM): Diagnostica danos mais sutis, como lesões em nervos e tecidos cerebrais. 
  • Eletroencefalograma (EEG): Identifica alterações neurológicas, como crises epilépticas. 
  • Relatórios de tratamentos, como internações e sessões de fisioterapia, devem acompanhar os exames.

Quanto mais documentos médicos, melhor, ok?

Conclusão

O traumatismo intracraniano pode dar direito a diferentes benefícios do INSS, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e, em caso de acidente de trabalho, auxílio-acidente. 

A chave para o sucesso na obtenção dos benefícios é a documentação bem elaborada e a preparação adequada para a perícia médica. 

Se houver dificuldades no processo, procure um advogado especializado em direito previdenciário para garantir que seus direitos sejam respeitados e você tenha acesso aos benefícios que precisa.

Até o próximo artigo!

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