Esquizofrenia dá direito ao BPC/LOAS

Esquizofrenia dá direito ao BPC/LOAS

Esquizofrenia dá direito ao BPC/LOAS? Sim, é possível! 

A esquizofrenia é uma condição de saúde mental complexa que afeta a forma como uma pessoa pensa, sente e se comporta, trazendo desafios significativos não só para quem vive com ela, mas também para suas famílias. 

Diante das dificuldades que essa condição pode impor ao dia a dia e à capacidade de trabalho, muitas pessoas e seus familiares procuram saber se existe algum suporte financeiro disponível. 

E já te adianto que existe sim! 

O Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) surge como uma alternativa de assistência social, paga pelo INSS, no valor de um salário mínimo todos os meses para famílias de baixa-renda.

Neste artigo, você vai ficar por dentro:

  • Como a esquizofrenia pode dar direito a alguém para receber o BPC/LOAS;
  • Quem é baixa-renda para ter direito ao BPC.
  • O que fazer para ter acesso ao BPC/LOAS;
  • Quais os documentos necessários para conseguir o BPC. 

Sumário

O que é o BPC/LOAS?

O Benefício de Prestação Continuada, ou BPC/LOAS, é um tipo de assistência financeira fornecida pelo governo brasileiro, destinado a dois grupos principais:

Esse benefício consiste em um pagamento mensal de um salário mínimo, atualmente R$1.412,00, com o objetivo de auxiliar no sustento e cobrir despesas básicas. 

Pode-se dizer que o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) funciona como uma forma de aposentadoria para aqueles que não possuem condições de contribuir ou que não atendem aos critérios para a aposentadoria tradicional

No entanto, é essencial que os interessados se enquadrem dentro de uma faixa de baixa renda para ter direito ao benefício.

Esquizofrenia (CID F20) é considerada deficiência e dá direito ao BPC/LOAS?

Agora, vamos falar sobre a esquizofrenia: uma condição de saúde mental caracterizada por distorções no pensamento, percepções, emoções, linguagem, senso de si e comportamento. 

A vida de alguém com esquizofrenia pode ser profundamente impactada, com desafios significativos no dia a dia, incluindo dificuldades em manter um emprego ou realizar atividades cotidianas de forma independente. 

Então sim, a esquizofrenia é considerada deficiência.

A esquizofrenia é classificada sob o CID F20, segundo a Classificação Internacional de Doenças. 

Esquizofrenia dá direito ao BPC/LOAS, sim!

Entendendo agora como isso funciona, você pode estar curioso: “Por que alguém com esquizofrenia pode receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)?”

 A resposta é que a esquizofrenia, com suas complexidades, pode impor limitações significativas na vida cotidiana da pessoa, afetando a capacidade de trabalhar, estudar, ou até mesmo realizar tarefas simples do dia a dia. 

Reconhecendo esses desafios, a esquizofrenia é considerada, em muitos casos, como uma deficiência, devido ao seu impacto profundo na funcionalidade e independência do indivíduo.

Portanto, por esses motivos a esquizofrenia dá direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) no valor de 1 salário mínimo todos os meses.

Como deve ser o Laudo da Esquizofrenia para ter direito ao BPC

Para conseguir o BPC/LOAS por esquizofrenia, o laudo médico é essencial e deve detalhar as Classificações Internacionais de Doenças (CIDs) pertinentes à esquizofrenia.

 Este documento é fundamental para atestar a presença e a severidade da esquizofrenia, sendo um elemento chave para conseguir o BPC.

Aqui estão as CIDs relevantes à esquizofrenia que o médico deve mencionar no laudo a depender da sua situação:

  • F20.0 – Esquizofrenia paranóide 
  • F20.1 – Esquizofrenia hebefrênica
  • F20.2 – Esquizofrenia catatônica 
  • F20.3 – Esquizofrenia indiferenciada 
  • F20.4 – Esquizofrenia pós-esquizofrênica 
  • F20.5 – Esquizofrenia residual 
  • F20.6 – Esquizofrenia simples 
  • F20.8 – Outras esquizofrenias
  • F20.9 – Esquizofrenia, não especificada

O laudo deve não apenas citar a CID específica, mas também descrever: 

  • A manifestação dos sintomas; 
  • Como eles afetam o cotidiano da pessoa; 
  • A resposta aos tratamentos em andamento; 
  • E quaisquer outras informações relevantes que possam justificar a concessão do BPC/LOAS. 

Quem é considerado Baixa-Renda para pedir o BPC/LOAS por Esquizofrenia?

Lembra que te falei que o BPC/LOAS é destinado para famílias de baixa renda

Para que famílias com um membro diagnosticado com esquizofrenia tenham direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), a renda por pessoa no lar deve ser igual ou inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

O que em 2024 corresponde a aproximadamente R$353,00. Sendo que esse é o critério definido pelo INSS.

O cálculo é simples: 

  • Some todas as rendas da casa;
  • Divida pelo número de moradores para verificar se a renda per capita não ultrapassa esse limite.

Contudo, é importante ressaltar uma dica valiosa: 

Determinados gastos podem ser deduzidos da renda familiar, potencialmente qualificando a família para o benefício, mesmo que a renda bruta pareça exceder o limite inicial. 

Esses gastos incluem:

  • Aluguel ou financiamento habitacional; 
  • Contas de consumo (luz, água, etc.); 
  • Despesas médicas e com medicamentos; 
  • Plano de saúde; 
  • Exames médicos não cobertos pelo SUS; 
  • Terapias e tratamentos específicos; 
  • Alimentos especiais, quando necessários.

Isso significa que, na prática, a renda líquida da família pode ser ajustada para refletir os custos associados ao tratamento e cuidado da esquizofrenia, tornando possível ter direito ao BPC/LOAS.

E se a renda for superior a ¼ do salário mínimo?

A legislação e as decisões judiciais reconhecem que a regra de ¼ do salário mínimo por pessoa na família, para concessão do BPC/LOAS, não é absoluta

O Supremo Tribunal Federal já determinou que:

Mesmo famílias com renda per capita ligeiramente acima desse limite podem ser consideradas para o benefício, caso comprovem que os custos com a saúde e o bem-estar de um membro com esquizofrenia comprometem significativamente o orçamento familiar.

 Portanto, mesmo se a renda familiar per capita exceder um pouco o limite estabelecido, ainda é possível solicitar o BPC/LOAS, desde que seja possível evidenciar a insuficiência de recursos para cobrir as necessidades básicas e os cuidados relacionados à esquizofrenia.

Veja um caso aqui do escritório, para que você entenda como funciona:

Caso da Ana: Diagnosticada com Esquizofrenia e recebe o BPC/LOAS

Ana, de 22 anos, convive com esquizofrenia desde a adolescência. 

Ela reside com seu pai, Roberto, que trabalha como vendedor em uma loja, ganhando R$2.000,00 mensais. 

A renda familiar é modesta, considerando as despesas cotidianas e os cuidados específicos que Ana necessita devido à sua condição.

Dividindo a renda de Roberto por dois, tem-se R$1.000,00 por pessoa na família. 

A princípio, essa quantia superaria o limite estabelecido para a elegibilidade ao BPC/LOAS, excluindo Ana do benefício, apesar de sua esquizofrenia.

No entanto, é essencial levar em conta os custos diretos associados ao tratamento de Ana, que não são cobertos pelo SUS na região que ela mora: 

  • Consultas psiquiátricas: R$300,00/mês; 
  • Medicamentos antipsicóticos: R$400,00/mês; 
  • Psicoterapia: R$350,00/mês; 
  • Nutrição especializada, devido a questões alimentares relacionadas à medicação: R$250,00.

Esses gastos somam R$1.300,00 mensais, um valor significativo que impacta diretamente no orçamento familiar. 

Ao descontar essas despesas da renda total, percebe-se que a quantia disponível por pessoa é drasticamente reduzida, enquadrando Ana e Roberto nos critérios de baixa-renda para o BPC/LOAS.

No caso dela, o INSS recusou o benefício quando o pedido foi feito administrativamente, por conta de Roberto possuir renda, mas ao entrar com processo judicial foi possível reverter

Menor de idade com Esquizofrenia pode receber o BPC/LOAS?

Essa é uma questão que muitos pais e responsáveis se fazem. 

A resposta é afirmativa: menores de idade com esquizofrenia têm direito ao BPC/LOAS, sim.

E sobre a pensão alimentícia, como fica caso o menor receba?

O direito para o BPC/LOAS depende da situação

A principal consideração é se a pensão alimentícia cobre de fato todas as necessidades do menor. 

Sabemos que os custos de vida, especialmente quando se trata de uma condição de saúde complexa como a esquizofrenia, que demanda acompanhamento médico contínuo, medicamentos específicos e, em alguns casos, terapias especiais, podem ser substancialmente altos

Imagine o caso de Marina, uma mãe solteira responsável pelo cuidado de seu filho Tiago, de 10 anos, diagnosticado com esquizofrenia (CID F20). 

Tiago recebe uma pensão alimentícia de R$700,00 do pai. 

Marina, por sua vez, não tem emprego fixo e conta com o apoio do Bolsa Família para auxiliar nas despesas da casa.

Os gastos mensais com o tratamento e cuidados de Tiago são consideráveis: 

  • Medicamentos antipsicóticos: R$300,00; 
  • Consultas psiquiátricas: R$250,00;  
  • Terapia ocupacional: R$200,00.

Isso totaliza R$750,00 por mês, um valor que supera a pensão alimentícia e coloca a família em uma situação financeira delicada. 

Mesmo com a ajuda do Bolsa Família, o orçamento é apertado e nem sempre suficiente para cobrir todas as necessidades.

Portanto, mesmo recebendo a pensão alimentícia, menores com esquizofrenia podem ter direito ao BPC/LOAS, sempre a depender da situação.

Receber Bolsa Família afeta o direito ao BPC/LOAS?

Não, de forma alguma. 

Quem já é beneficiário do Bolsa Família pode sim solicitar o BPC/LOAS. 

Na verdade, estar inserido no programa Bolsa Família pode facilitar o processo para obter o BPC/LOAS, pois já indica um reconhecimento de vulnerabilidade socioeconômica que é um dos critérios para concessão do benefício. 

Documentos Necessários para Solicitar o BPC/LOAS por Esquizofrenia (CID F20)

Ao buscar o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) devido à esquizofrenia, é essencial preparar e apresentar uma série de documentos importantes:

  • Cadastro Único (CadÚnico): Essencial para o processo. A inscrição deve ser feita no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximo. Para encontrar o CRAS, consulte o site do Ministério da Cidadania ou entre em contato com a prefeitura local. 
  • CPF: Indispensável para a identificação do solicitante. 
  • Documento de Identidade (RG): Necessário para comprovação da identidade. 
  • Comprovante de Residência: Para confirmar o local de moradia atual. 
  • Laudo Médico Atualizado: O laudo deve detalhar a condição de esquizofrenia (CID F20), abordando as limitações e impactos na vida diária, bem como a expectativa de duração da condição.

Documentos adicionais podem ser necessários para avaliar a situação econômica da família, bem como o requisito do baixa renda:

  • Declaração de Renda Familiar: Para verificar a renda per capita da família. 
  • Certidão de Nascimento ou Casamento: Para esclarecer a composição familiar. 
  • Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS): Para checar vínculos empregatícios. 
  • Comprovantes de Outros Benefícios: Caso a família receba outros auxílios governamentais. 
  • Comprovante de Despesas Médicas: Incluindo gastos com medicamentos, consultas, tratamentos específicos, entre outros.

Como Solicitar o BPC/LOAS

Para dar entrada no BPC/LOAS, você pode usar duas maneiras: 

  1. Ligar para o número 135 e seguir as instruções para novo pedido. 

Ou fazer pela internet:

  1. Acessar o Portal do MeuINSS
  • Escolher “Novo pedido”;
  • Selecionar “Benefícios Assistenciais”
  • Optar por “Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência”,
  • Atualize seus dados e envie os documentos solicitados. 

É crucial que o CadÚnico esteja atualizado, há menos de 2 anos, para evitar negativas!  

Após a solicitação, serão agendadas 2 perícias para avaliar tanto a condição social quanto a saúde do solicitante.

BPC/LOAS Negado, e Agora?

Caso seu pedido de BPC/LOAS por esquizofrenia seja negado, o primeiro passo é entender o motivo, geralmente explicado na carta de indeferimento do INSS. 

Com essa informação, buscar o apoio de um advogado especializado em BPC/LOAS pode ser decisivo. 

Nossa equipe na Robson Gonçalves Advogados está pronta para oferecer a orientação e assistência necessárias, com vasta experiência e sucesso em casos semelhantes por todo o Brasil. 

Para mais informações ou para agendar uma consulta, entre em contato conosco.

 Não desista do seu direito, a maioria das negativas do INSS são injustas.

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Até o próximo artigo!

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